Três anos de pandemia: o que o Brasil aprendeu com a Covid-19?
Hoje, 11 de março de 2023, marca o terceiro aniversário do dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Desde então, o mundo enfrentou uma das maiores crises sanitárias e humanitárias da história, com mais de 300 milhões de casos e 6 milhões de mortes registradas.
Por: Raul Silva - 19h21
Categoria: Política & Sociedade;
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No Brasil, os números são alarmantes: quase 700 mil vítimas fatais e mais de 37 milhões de infectados. O país é o segundo com mais óbitos e o terceiro com mais casos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Mas como chegamos até aqui? Quais foram os erros e os acertos do governo e da sociedade brasileira na resposta à pandemia? E quais são as expectativas para o futuro da Covid-19 no país?
Nesta matéria especial, vamos fazer uma retrospectiva dos principais fatos que marcaram esses três anos de convivência com o vírus e analisar os desafios que ainda temos pela frente.
O descaso governamental
Um dos fatores que contribuíram para agravar a situação da Covid-19 no Brasil foi o descaso do governo federal em relação à doença. Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a gravidade do vírus, chamando-o de "gripezinha" e criticando as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.
Bolsonaro também se posicionou contra o uso de máscaras e a vacinação em massa da população, além de defender tratamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina e a ivermectina. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), Bolsonaro executou uma "estratégia institucional de propagação do vírus" ao reter recursos destinados à saúde pública.
O governo federal também foi alvo de denúncias por irregularidades na compra de vacinas contra a Covid-19. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada no Senado para investigar as responsabilidades do Executivo na condução da pandemia. A CPI apontou indícios de corrupção, prevaricação e improbidade administrativa por parte dos envolvidos nas negociações dos imunizantes.
O número elevado de mortes
Outra consequência do descaso governamental foi o número elevado de mortes por Covid-19 no Brasil. O país registrou diversas ondas sucessivas da doença, com picos em abril e julho de 2020, janeiro e março de 2021 e junho e setembro de 2022.
Em cada uma dessas ondas, o sistema público de saúde entrou em colapso, com falta de leitos, de oxigênio, de medicamentos e de profissionais capacitados para atender os pacientes graves. Muitas pessoas morreram sem receber assistência adequada ou esperando por uma vaga em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Além disso, o Brasil enfrentou a circulação de novas variantes do coronavírus, mais transmissíveis e letais, como a P.1, originária do Amazonas, e a P.5, descoberta em São Paulo. Essas variantes aumentaram ainda mais a pressão sobre o sistema de saúde e dificultaram o controle da pandemia.
Hoje, 11 de março de 2023, marca o terceiro aniversário do dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Desde então, o mundo enfrentou uma das maiores crises sanitárias e humanitárias da história, com mais de 300 milhões de casos e 6 milhões de mortes registradas.
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O despreparo do país para enfrentar a pandemia
Um terceiro fator que contribuiu para piorar a situação da Covid-19 no Brasil foi o despreparo do país para enfrentar uma crise sanitária dessa magnitude. O Brasil é um país continental, com grande diversidade geográfica, social e cultural, o que dificulta a implementação de políticas públicas uniformes e eficazes para conter a disseminação do vírus. Além disso, o país sofre com problemas estruturais históricos, como a desigualdade social, a pobreza, a fome, a violência e a corrupção.
Esses problemas afetam diretamente a saúde da população brasileira, que muitas vezes não tem acesso a condições básicas de saneamento, moradia, educação e alimentação. Esses fatores aumentam o risco de contágio e de complicações da Covid-19, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como os indígenas, os quilombolas e os moradores de periferias.
O Brasil também enfrentou dificuldades para ampliar a testagem da população para detectar casos de Covid-19. Segundo dados do Ministério da Saúde, até hoje foram realizados cerca de 100 milhões de testes no país. Isso significa que apenas metade dos brasileiros foi testada desde o início da pandemia. O governo brasileiro alegou falta de insumos para aumentar a capacidade de testagem.
Os avanços científicos e tecnológicos na área da saúde
Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o Brasil também teve motivos para se orgulhar dos avanços científicos e tecnológicos na área da saúde. O país foi um dos líderes mundiais na pesquisa e no desenvolvimento
de vacinas contra a Covid-19, com destaque para o Instituto Butantan, que produziu a CoronaVac em parceria com
a empresa chinesa Sinovac, e Bio-Manguinhos, que fabricou a Oxford-AstraZeneca em colaboração com a universidade britânica e a Fiocruz.
Esses laboratórios oficiais farmacêuticos usaram recursos públicos para reformar plantas industriais, equipar laboratórios e prover maior estabilidade de insumos para a produção em larga escala. Além disso, o Brasil participou
de ensaios clínicos de outras vacinas, como a Pfizer-BioNTech, a Janssen e a Sputnik V. Graças à vacinação em massa,
o Brasil conseguiu reduzir significativamente o número de casos e mortes por Covid-19 nos últimos meses.
Até hoje, mais de 200 milhões de doses foram aplicadas no país, sendo que cerca de 70% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose. A expectativa é que até o final do ano todos os brasileiros estejam imunizados contra o vírus. Outro avanço importante foi o desenvolvimento de novos tratamentos e medicamentos para combater as complicações da Covid-19. Pesquisadores brasileiros contribuíram com estudos sobre o uso de corticoides, anticoagulantes e anticorpos monoclonais para reduzir a inflamação e evitar tromboses nos pacientes graves. Também foram realizados ensaios clínicos com plasma convalescente e células-tronco como terapias experimentais.
Além disso, o Brasil investiu em tecnologias digitais para melhorar o atendimento à saúde durante a pandemia.
Foram criadas plataformas online para monitorar os casos de Covid-19 em tempo real, para orientar as pessoas sobre os sintomas e as medidas preventivas, para agendar consultas e exames remotamente e para rastrear os contatos dos infectados. Essas ferramentas ajudaram a desafogar o sistema público de saúde e a evitar aglomerações nas unidades básicas.
As expectativas em relação ao futuro da Covid-19
Após três anos de pandemia, o Brasil ainda enfrenta muitos desafios para superar definitivamente essa crise sanitária. Um dos principais é garantir que toda a população tenha acesso às vacinas contra a Covid-19, independentemente de sua renda, localização ou condição de saúde.
O país ainda enfrenta problemas na distribuição, na aplicação e no monitoramento das vacinas, além de lidar com a escassez de doses e a dependência de importação de insumos. Outro desafio é manter as medidas de prevenção e controle da pandemia, como o uso de máscaras, o distanciamento social e a higiene das mãos.
Essas medidas são essenciais para evitar novas ondas de contágio e o surgimento de variantes mais transmissíveis e resistentes do vírus. No entanto, muitas pessoas ainda resistem em seguir essas recomendações, seja por desinformação, por descrença na gravidade da doença ou por fatores econômicos e sociais que dificultam o isolamento.
Um terceiro desafio é fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), que é responsável por garantir o acesso universal e gratuito à saúde para todos os brasileiros. O SUS foi fundamental para enfrentar a pandemia, mas também sofreu com o subfinanciamento, a falta de profissionais e equipamentos e a sobrecarga dos serviços. É preciso investir mais recursos públicos no SUS e valorizar os trabalhadores da saúde que atuam na linha de frente contra a Covid-19.
Além disso, é necessário ampliar a produção nacional de tecnologias em saúde, como vacinas, medicamentos, testes e equipamentos. Isso permitiria ao Brasil ter mais autonomia e soberania na resposta à pandemia e em futuras emergências sanitárias. Também seria importante estimular a pesquisa científica e a inovação em saúde no país, que demonstraram sua relevância e qualidade durante a crise da Covid-19.
Por fim, é preciso pensar nas consequências sociais, econômicas e ambientais da pandemia e nas perspectivas para o futuro do Brasil e do mundo. A Covid-19 evidenciou as desigualdades existentes na sociedade brasileira e os impactos negativos do modelo de desenvolvimento atual sobre o meio ambiente. É preciso buscar soluções que promovam uma recuperação sustentável e inclusiva pós-pandemia, que respeitem os direitos humanos, a diversidade cultural e a proteção da natureza.
Conclusão
A pandemia da Covid-19 foi um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil nos últimos anos. O país teve que lidar com uma crise sanitária sem precedentes, que causou milhares de mortes e sofrimentos. Ao mesmo tempo, o país também mostrou sua capacidade de superação, com avanços científicos e tecnológicos na área da saúde que salvaram vidas. O Brasil ainda tem muitos obstáculos pela frente para vencer definitivamente essa pandemia. Mas também tem muitas oportunidades para construir um futuro melhor para todos os brasileiros.